fronteira e alorna

A Fundação das Casas de Fronteira e Alorna é uma instituição sem fins lucrativos de utilidade pública que tem como fins estatutários a preservação e o estudo do património material e imaterial das Casas de Fronteira e Alorna, bem como a promoção de iniciativas que visem incentivar a investigação, a criação artística e a formação cultural.

Instituidor

A Fundação das Casas de Fronteira e Alorna foi instituída por Dom Fernando Mascarenhas (1945-2014) em 1987. Dom Fernando descendia de três Casas nobiliárquicas (Fronteira, Alorna e Távora) e era herdeiro de cerca de uma dezena de títulos, entre os quais os de 12º Marquês de Fronteira, 10º Marquês de Alorna e 13º Conde da Torre. A sua decisão de colocar o seu património ao serviço do público e da comunidade científica resultou do “respeito da tradição histórico-familiar” e da “intenção de enriquecer o património histórico-cultural português”.

Por iniciativa de Dom Fernando Mascarenhas, a Fundação a que presidiu – reconhecida como Pessoa Colectiva de utilidade pública em 1991 – estabeleceu parcerias com a maior parte das Universidades Portuguesas, acolheu projectos de investigação na área das Artes e das Humanidades, e abriu as suas portas a numerosas actividades de divulgação cultural em que colaboraram personalidades das mais variadas formações e proveniências. Depois do seu falecimento, a programação cultural da Fundação tem mantido o mesmo dinamismo graças ao caloroso acolhimento do público.

HISTÓRIA da FAMÍLIA

O nome da família tem raízes toponímicas: terá sido extraído do lugar de Mascarenhas, na comarca de Mirandela. O primeiro Mascarenhas de que há notícia é o “Senhor de Mascarenhas” que viveu no reinado de Dom Sancho I. Não há, porém, ligação segura, entre esse Senhor de Mascarenhas e a actual família com o mesmo nome. 

O primeiro indivíduo documentado a usar o apelido foi Martim Vaz de Mascarenhas, cidadão de Évora e homem nobre, a quem D. Fernando I coutou uma herdade em 1373. O seu bisneto, Fernão Martins Mascarenhas, foi Capitão de Ginetes dos reis D. João II e D. Manuel I e recebeu deste último, em 1496, o direito ao tratamento de Dom. O neto deste, Dom Fernando Mascarenhas instituiu, com sua mulher, o Morgadio da Torre das Várzeas (hoje Torre das Vargens) em 1574. O seu neto e homónimo foi o 1º Conde da Torre, de juro e herdade, por carta de 26 de Julho de 1638 de Filipe III de Portugal e o seu bisneto, D. João Mascarenhas, o 1º Marquês de Fronteira, por carta de D. Pedro II (Regente) de 7 de Janeiro de 1670.

Armas

De vermelho, três faixas de ouro. Timbre: um leão rompante de vermelho, armado e lampassado de ouro.

 

O nome da família tem raízes toponímicas: foi extraído do lugar de Mascarenhas, na comarca de Mirandela. O primeiro Mascarenhas de que há notícia é o Senhor de Mascarenhas que viveu no reinado de Dom Sancho I. Não há, porém, ligação segura, entre esse Senhor de Mascarenhas e a actual família com o mesmo nome.

 

Martim Vaz de Mascarenhas é o primeiro indivíduo documentado a usar o apelido; era cidadão de Évora e homem nobre, e D. Fernando I coutou-lhe a herdade da Enxarrama, no termo daquela cidade, tendo concedido privilégios à herdade em 1373.

 

Fernão Martim de Mascarenhas, filho do anterior, foi fidalgo da casa do Infante D. João, filho de D. João I. A herdade de Albacotim foi-lhe coutada pelo Rei D. Duarte em 19 de Julho de 1433.
No reinado de D. Afonso V foi feito Comendador-Mor da Ordem de Santiago e teve descendência do seu casamento com D. Filipa.

 

Nuno Mascarenhas, filho primogénito dos anteriores foi Comendador de Almodôvar, Mouguelas, Montel e Roliça, tendo casado com D. Catarina de Ataíde.

 

Fernão Martins Mascarenhas era filho primogénito dos anteriores. Capitão de Ginetes de El-Rei D. João II e D. Manuel I, recebeu, deste último em 1496 o direito ao tratamento de Dom, bem como o direito ao uso de bandeira quadrada. Foi Comendador de Mértola e Almodôvar, Alcaide-Mor de Montemor-o-Novo e Alcácer do Sal, Senhor do Lavre e Estefa. Combateu na batalha de Toro (1476) ao lado do Príncipe D. João. Em 1488 cobriu-se de glória numa expedição a Marrocos. Foi um dos poucos a testemunhar a morte de D. João II, em 1495, em Alvor. Casou em primeiras núpcias com D. Violante da Cunha, filha do 1º Conde de Avranches, de quem não teve descendência, e em segundas núpcias com D. Violante Henriques, filha de Fernão da Silveira, Governador da Casa da Suplicação. Os seus descendentes receberam numerosas mercês, designadamente as que estão designadas no painel da parede Nascente do Tanque dos Cavaleiros do Palácio Fronteira, do qual consta a legenda “TÍTULOS QUE FLORESCERÃO DESTE ILLUSTRE TRONCO”: Conde de Santa Cruz (03-10-1593), Conde de Óbidos (anterior a 1640), Conde da Torre (26-07-1638), Conde de Conculim (03-05-1666), Marquês de Fronteira (07-01-1670), Marquês de Montalvão (29-08-1639), Conde de Sabugal (20- 02-1582), Conde de Serem (18-04-1643), Conde de Castelo Novo (1628), Conde de Palma (30-03-1654), Conde de Vila da Horta (título anterior concedido por Filipe II, que depois foi substituído por Conde de Santa Cruz – ver atrás).

 

D. Manuel Mascarenhas, foi o 4º filho de Dom Fernão, e dele descende o ramo dos Condes da Torre, Marqueses de Fronteira e Condes de Coculim. Comendador do Rosmaninhal, participou na tomada de Azamor em 1515, onde ficou conhecido pelas suas façanhas como “o da espada cortadora”. Foi Governador e Capitão General de Arzila de 1538 a 1545. Casou com D. Leonor de Sousa Palha, filha herdeira de Francisco Palha, Senhor da Goucharia e Chantas, e de D. Maria de Sousa. 

 

D. Fernando Mascarenhas era filho primogénito dos anteriores. Comendador do Rosmaninhal, 4º Senhor da Goucharia e Chantas, instituidor com sua mulher do Morgadio da Torre das Várzeas (hoje Torre das Vargens) em 1574, do Conselho de El- Rei D. Sebastião. Morreu em 14 de Agosto de 1578 na batalha de Alcácer Kibir. Casou com D. Filipa da Costa (também conhecida como D. Filipa da Silva), filha de D. Gil Eanes da Costa, embaixador de D. João III junto de Carlos V, e de D. Joana da Silva.

 

D. Manuel Mascarenhas, filho primogénito dos anteriores. Comendador do Rosmaninhal, 5º Senhor da Goucharia e Chantas, do Conselho de D. Sebastião, foi ferido e feito cativo na batalha de Alcácer Kibir (1578) tendo sido resgatado. Casou com D. Francisca, filha de D. Nuno Manoel, segundo Senhor de Atalaia e Tancos e Alcaide- Mor de Mourão, e de D. Joana de Ataíde, filha do 1º Conde da Castanheira. Morreu em 15 de Março de 1612.

D. Fernando Mascarenhas, filho primogénito de D. Manuel Mascarenhas e D. Francisca. 6º Senhor da Goucharia e Chantas, Comendador da Torre de Fonte da Arcada, de Carrazedo e do Rosmaninhal na Ordem de Cristo, 1º Conde da Torre, de juro e herdade, por carta de 26 de Julho de 1638. Governador e Capitão General de Ceuta e Tânger, Governador e Capitão General do Brasil (1639-1640), General de Mar e Terra das Armadas de Portugal e de Castela. Enviado para tentar recuperar Pernambuco, que se encontrava na posse dos Holandeses, foi derrotado numa batalha naval pelo Almirante Willem Corneliszoon Loos. Depois de ter lutado contra ventos desfavoráveis durante cerca de dois meses, viu-se forçado a seguir para norte do Recife. Tendo sido confrontado com uma armada holandesa de 35 naus, saídas daquela cidade, no período de 12 a 17 de Janeiro de 1640, ao largo da costa da Paraíba, travou quatro batalhas, sempre a ser empurrado pelo vento para Norte. Resumiram-se essas batalhas a prolongados duelos de artilharia em resultado dos quais os Holandeses perderam quatro naus, afundadas a tiro de canhão e os Portugueses uma, por encalhe, além de dois navios mercantes. A 19 de Janeiro tendo o conde da Torre feito um bordo para NE na intenção de reunir alguns navios que andavam desgarrados, os holandeses convenceram-se de que decidira regressar à Europa e, encontrando-se com falta de munições e de água, decidiram recolher ao Recife. Foi preso no forte de S. Julião da Barra e destituído de todas as honras, que lhe foram restabelecidas por D. João IV, em cujo reinado foi Presidente do Senado da Câmara de Lisboa de 1647-1650 e membro dos Conselhos de Estado e de Guerra. Morreu em 9 de Agosto de 1651. Casou com D. Maria de Noronha, filha de D. Luís da Silveira, 5º Senhor de Sarzedas e irmã do 1º Conde de Sarzedas, e de D. Joana de Lima.


D. Manuel Mascarenhas, filho primogénito dos anteriores, participou nas batalhas da Restauração, tendo sido assassinado por D. Diogo de Eça em 7 de Fevereiro de 1649, por tê-lo encontrado em casa falando com uma sua irmã e este se ter recusado a casar imediatamente.


D. João Mascarenhas, irmão do anterior, filho segundogénito de D. Fernando Mascarenhas e D. Maria de Noronha, nasceu em 18 de Julho de 1633, em Lisboa. 7º Senhor da Goucharia e Chantas, Senhor dos morgados de Coculim e Verodá na Índia, Comendador de Santiago da Fonte da Arcada, S. Nicolau de Carrazedo, do Rosmaninhal, S. João de Castelão, S. Martinho de Cambres, S. Martinho de Pindo, todas na Ordem de Cristo, foi do Conselho de Estado e do da Guerra de D. Pedro II, mestre-de-campo-general das Províncias de Estremadura e Minho, general de Cavalaria na província do Alentejo e Grão-Prior do Crato na Ordem de S. João de Malta. Foi o 2º Conde da Torre de juro e herdade e o 1º Marquês de Fronteira por carta de D. Pedro II (Regente) de 7 de Janeiro de 1670. Para além de participar activamente nalgumas batalhas da Restauração, foi partidário e um dos principais validos do Príncipe D. Pedro, futuro D. Pedro II, na sua disputa pelo trono do irmão, D. Afonso VI. A propósito do 2º Conde da Torre e do 3º Conde de São João da Pesqueira, outro dos principais validos de D. Pedro, foi publicada num pasquim da época a seguinte quadra:

“Se o Príncipe governar
Quiser com satisfação
Meta o São João na Torre
e o Torre em Gião”.

Trata-se de referências à Torre de Belém e ao forte de S. Julião da Barra, ambos usados como prisões. Em 1657 passou à província do Alentejo, com o posto de mestre de campo. Foi depois mestre de campo general da província do Minho, e voltou ao Alentejo como general de cavalaria tomando então parte na campanha de 1662. Foi governador de Campo Maior; esteve no sítio de Badajoz, na empresa de Valença de Alcântara, recuperação de Mourão, na batalha do Canal em 1663, em socorro de Évora; na das Linhas de Elvas, do Ameixial e Montes Claros, distinguindo-se sempre pelo seu valor. Terminada a guerra com a Espanha, foi nomeado mestre de campo general da corte na província da Estremadura, vedor da Fazenda, conselheiro de Estado e da Guerra e gentil-homem da câmara do príncipe D. Pedro. Casou em 19 de Julho de 1651 com D. Madalena de Castro, filha do 2º Conde de Penaguião e de D. Joana de Castro, filha do 4º Conde de Atouguia, que morreu a 10 de Setembro de 1673. D. João Mascarenhas e sua mulher Dona Madalena de Castro foram os edificadores do Palácio Fronteira, situado nas fraldas da serra de Monsanto em S. Domingos de Benfica. D. João Mascarenhas morreu a 16 de Setembro de 1681.


D. Fernando Mascarenhas, filho primogénito dos anteriores foi o 3º Conde da Torre de juro e herdade e 2º Marquês de Fronteira, 8º Senhor dos Morgados da Goucharia e das Chantas, donatário da mordomia-mor de Faro, comendador de Santiago de Torres Vedras no patriarcado de Lisboa, S. Nicolau de Carrazedo e S. Miguel de Linhares no arcebispado de Braga, da Fonte da Arcada no bispado do Porto, do Rosmaninhal no bispado da Guarda, padroeiro do mosteiro de S. Domingos da Serra, da Ordem dos Pregadores e de Nossa Senhora da Conceição da Torre das Vargens, sede do seu condado. Nasceu a 4 de Dezembro de 1655. Foi governador e capitão general do reino do Algarve, mestre de campo general e governador da Província da Beira, governador das armas da Província do Alentejo, do Conselho de Estado de D. João V, presidente do Desembargo do Paço, um dos primeiros quatro censores da Academia Real de História e seu presidente. Foi encarregado dos negócios da Marinha. Acompanhou a Espanha o Marquês das Minas na Guerra da Sucessão de Espanha. Vedor da Fazenda, mordomo-mor da Rainha D. Maria Ana de Áustria. Deixou numerosos trabalhos históricos que foram publicados na colecção de documentos da Academia Real. Casou com D. Joana Leonor de Toledo e Meneses, filha dos 7ºs Condes de Atouguia, que morreu em 12 de Abril de 1737.


D. Francisco Mascarenhas, irmão do anterior, foi herdeiro dos morgados de Conculim e Verodá na Índia, instituídos por D. Filipe Mascarenhas. D. Pedro II, ainda Regente, concedeu- lhe o título de Conde de Conculim, por carta de 3 Junho de 1676 (1666?).


D. João José Mascarenhas, filho de D. Fernando Mascarenhas e de D. Joana Leonor de Toledo e Meneses, 2ºs Marqueses de Fronteira, nasceu a 19 de Fevereiro de 1679 e morreu a 12 de Abril de 1737. Foi 3º Marquês de Fronteira e 4º Conde da Torre. Foi tenente-coronel e serviu com distinção em campanhas de África e do Brasil. Casou, a 13 de Agosto de 1713, com D. Helena Josefa de Lancastre, filha dos 4ºs Condes de Vila Nova de Portimão.


D. Fernando José Mascarenhas, filho varão primogénito dos anteriores, nasceu a 16 de Agosto de 1717 e morreu a 14 de Agosto de 1765. Foi 4º Marquês de Fronteira, 5º Conde da Torre e 5o Conde de Coculim, filho primogénito dos anteriores. Teve seis comendas na Ordem de Cristo e foi capitão de cavalos na Corte, deputado da Junta dos Três Estados e vedor da Rainha D. Mariana Vitória. Em 10 de Setembro de 1761 foi mandado sair da Corte para Aveiro e de Aveiro passou à Guarda, por ordem do Marquês de Pombal. Casou a 6 de Outubro de 1737 com sua prima co-irmã, D. Ana de Lancastre, filha dos 5ºs Condes de Vila Nova de Portimão e neta materna dos 3ºs Marqueses de Abrantes e bisneta do 1º Duque de Cadaval, que morreu de parto, tendo a sua única filha morrido com meses.


D. José Luís Mascarenhas nasceu a 14 de Março de 1721 e morreu em 25 de Março de 1799. Era irmão do anterior. Foi 6º Conde da Torre e 5º Marquês de Fronteira, 6º Conde de Coculim. Era Cónego da Sé de Lisboa, mas dada a morte do irmão sem descendência, renunciou com a anuência de D. José I e das autoridades eclesiásticas, sendo elevado a Marquês de Fronteira por decreto de 21 de Março de 1769. Teve todas as comendas, senhorios e alcaiadarias–mores dos seus antepassados e foi do Conselho de D. Maria I e veador da Princesa D. Maria Francisca Benedita. Existe no Museu dos Coches uma berlinda francesa do século XVIII com as suas armas. D. José Luís Mascarenhas foi o responsável pela construção da ala do século XVIII do Palácio Fronteira, assim como pela nova ornamentação em estuque das paredes e tectos da casa. Casou a 30 de Setembro (ou Fevereiro – José C.N.) de 1771 com D. Mariana Josefa de Vasconcelos e Sousa, que nasceu a 6 de Março de 1750 e morreu a 7 de Setembro de 1796, filha dos 1ºs Marqueses de Castelo Melhor.


D. João José Luís Mascarenhas Barreto nasceu a 13 de Janeiro de 1778 e morreu a 24 de Fevereiro de 1806, único filho varão dos anteriores. Sucedeu em toda a casa de seu pai e foi também veador da Princesa D. Maria Francisca Benedita, capitão de Cavalaria. 6º Marquês de Fronteira, 7º Conde da Torre e de Coculim. Casou a 10 de Setembro (Z ou de Novembro, JCN) de 1799 com D. Leonor Benedita de Oeynhausen e Almeida, filha primogénita do Conde Oeynhausen e da 4ª Marquesa de Alorna e 8ª Condessa de Assumar, que nasceu no Porto a 30 de Setembro de 1776 e morreu a 18 de Outubro de 1850. Ao que parece não chegou a encartar-se nos títulos de sua mãe, de quem foi herdeira, não havendo filhos varões sobreviventes, nem com geração.


D. José Trasimundo Mascarenhas Barreto nasceu em 4 de Janeiro de 1802 e morreu em 19 de Fevereiro de 1881, foi filho primogénito dos anteriores. 7º Marquês de Fronteira, 5º Marquês de Alorna, 8º Conde da Torre e de Coculim, 9º Conde de Assumar. Assentou praça como cadete em 11 de Maio de 1809 em Infantaria 4 e foi promovido a Alferes em 18 de Dezembro de 1820 para Infantaria I. Ao estalar a revolução liberal passou a exercer as funções de ajudante de campo do general Bernardo Sepúlveda e pouco depois teve passagem à Cavalaria. Com a “Vila-francada” foi afastado da Corte e mandado para a guarnição de Torres Novas. Estalando nova tentativa de revolta a 30 de Abril de 1824, esteve preso, primeiro na Torre de Belém e depois na praça de Peniche. Conseguiu licença de se ausentar do Reino com sua mulher, só regressando em 1826, depois da outorga da Carta. Teve promoção a Tenente em 9 de Julho de 1827 e durante a Regência da Infanta D. Isabel Maria seguiu sempre o Conde de Vila Flor. Tomou posse da sua cadeira de par do Reino em 5 de Fevereiro de 1828. Com a chegada de D. Miguel redobraram as perseguições contra ele o que o determinou a emigrar com a família. Estando em Paris aquando da expedição de Belle Isle, o governo de D. Miguel incluiu-o entre os acusados, processando-o e sequestrando-lhe os bens; sabendo-se que não tinha participado na expedição, foi levantado o sequestro, mas D. José Trasimundo fez publicar em Paris no Journal des Débats que só não participara porque se encontrava doente e que para ele a única soberana legítima era D. Maria II, pelo que os bens de sua casa foram novamente sequestrados. Juntou-se então ao nascente exército de D. Pedro, na Terceira, e, como ajudante do Conde de Vila Flor, desembarcou no Mindelo e tomou parte no cerco do Porto, tendo-o também acompanhado na expedição ao Algarve para vir sobre Lisboa; achou-se em muitas acções da campanha, entre as quais a batalha de Asseiceira, onde ganhou o grau de oficial da Torre-e-Espada Nota: existe no Palácio Fronteira a sua espada de campanha, em cuja bainha estão gravadas as acções em que participou. Depois da campanha ficou a comandar o 3º esquadrão de Lanceiros I. Reunida pela primeira vez a Câmara dos Pares, foi um dos 13 membros da Câmara Alta. Dissolvida esta, na sequência da revolução de Setembro, foi eleito deputado por Lisboa à Assembleia Constituinte e sob a vigência do Setembrismo foi deputado por Bragança. Partidário de Costa Cabral, foi nomeado pelo governo deste como governador civil de Lisboa em 1846, em plena Maria da Fonte, onde permaneceu até 1851. Neste ano foi incumbido pelo Marechal Saldanha de organizar os Corpos de Voluntários de Lisboa. Quando se deu a Regeneração pediu a demissão dos seus cargos. Foi promovido a Brigadeiro a 10 de Julho de 1851 e passou então à reforma no posto de marechal-de-campo. Em 1869 foi objecto de um honroso decreto de Sá da Bandeira. Por Carta Régia de 15 de Julho de 1867 exerceu as funções de Condestável do Reino, no acto de juramento de D. Fernando II, como Regente. Foi escolhido para mordomo-mor da Rainha D. Estefânia quando casou com D. Pedro V, funções que conservou até à morte da Rainha. Foi também instituído como mordomo-mor da Rainha D. Maria Pia, aquando do seu casamento com o Rei D. Luís. Era vedor honorário da Casa Real, Cavaleiro pelos serviços na batalha de Ponte Ferreira, Oficial pelos serviços na batalha de Asseiceira, e Grã Cruz da Torre-e-Espada; da Águia Vermelha da Prússia; de S. Regório Magno, da Santa Sé; de Alberto, o Valoroso, da Saxónia; de Carlos III, de Espanha; de S. Maurício e de S. Lázaro, na Sardenha; e da Rosa, do Brasil; condecorado com as medalhas das Campanhas da Liberdade, algarismo 9 e com as medalhas militares de Bons Serviços e Comportamento Exemplar. Deixou umas importantes Memórias do Marquês de Fronteira e Alornaditadas por ele próprio em 1861, revistas e coordenadas por Ernesto de Campos de Andrada, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1926-1932.; existe uma reimpressão facsimilada. Imprensa Nacional – Casa da Moeda. 1986. Casou a 14 de Fevereiro de 1821, com D. Maria Constança da Câmara, que nasceu a 14 de Junho de 1801 e morreu a 11 de Setembro de 1860, dama da Ordem de Santa Isabel e dama de honor das Rainhas D. Maria II, D. Estefânia e D. Maria Pia, filha do senhor das Ilhas Desertas, morgadios da Taipa e Regalados, D. Luís Gonçalves da Câmara Coutinho e de sua mulher, D. Maria de Noronha (da Casa dos Arcos). Segundo José Cassiano Neves, o Rei D. Luís I quis elevá-lo à dignidade de Duque, mas o Marquês ter-lhe-á respondido que “se alguns serviços tinha prestado ao seu país, eles estavam já de sobejo pagos”.


D. Maria Mascarenhas Barreto nasceu a 27 de Maio de 1822 e morreu a 30 de Abril de 1914; filha única dos anteriores, foi 8ª Marquesa de Fronteira, 6ª Marquesa de Alorna, 9ª Condessa da Torre e de Coculim, 10ª Condessa de Assumar. Dama de honor das Rainhas D. Estefânia e D. Maria Pia. Casou a 12 de Maio de 1856 com João Pedro de Morais Sarmento, 2º Barão da Torre de Moncorvo e pelo casamento, 8º Marquês de Fronteira, 6º Marquês de Alorna e 9º Conde da Torre, que nasceu em Copenhague a 27 de Dezembro de 1829 e morreu em 10 de Janeiro de 1803. Não havendo geração passou a sucessão da Casa ao filho varão de D. Carlos Mascarenhas.


D. Carlos Mascarenhas, filho segundo dos 6ºs Marqueses de Fronteira, nasceu em 2 de Abril de 1803 e morreu a 3 de Maio de 1861. Distintíssimo oficial do Exército da Arma de Cavalaria em que atingiu o posto de General, muito se distinguiu durante a Guerra Civil, foi comandante da Guarda Municipal de Lisboa e mais tarde do regimento de Cavalaria de Lanceiros, ajudante de campo do Duque da Terceira, oficial de ordens do Duque de Bragança, D. Pedro. Era grã-cruz da Ordem de Avis, de Carlos III de Espanha, e de Alberto o Valoroso da Saxónia, comendador e oficial da Torre-e-Espada, condecorado por três vezes no campo de batalha, em Espanha, em defesa do trono da Rainha Isabel II, nas batalhas de Valmosêda, Arlaban, Conchas e Arminon. Foi Par do Reino, gentil-homem da câmara e ajudante de campo de D. Pedro V, foi convidado para ser Vice-Rei da Índia, tendo 31 anos, cargo que recusou. Não casou, mas teve de Maria Luísa Falco Barata Feio, três filhos legitimados, tendo outros morrido na infância. A representação da casa passou ao seu filho varão sobrevivente, com a morte sem geração da 8ª Marquesa de Fronteira, que deixou os bens a sua prima co-irmã, D. Leonor Maria de Assis Mascarenhas que foi casada com António José de Ávila, 2º Marquês de Ávila e Bolama, que nasceu a 24 de Novembro de 1853 e morreu a 17 de Fevereiro de 1923; esta, por sua vez, não tendo descendência deixou o Palácio Fronteira e o Condado da Torre, em plena propriedade, ao filho varão mais velho do filho varão mais velho do seu sobrinho, D. José Mascarenhas, 11º Conde da Torre, D. Fernando José Fernandes Costa Mascarenhas, 13º Conde da Torre, de juro e herdade, e instituidor da Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, e ao seu sobrinho e sobrinho-neto apenas em usufruto.


D. José Mascarenhas nasceu a 14 de Agosto de 1856 e morreu a 26 de Janeiro de 1930, sem nunca ter usado qualquer dos títulos de sua Casa. Casou a 26 de Janeiro de 1899 com D. Carlota do Sacramento Pinto, filha de João Pinto e D. Luísa Antónia Pinto.


D. José Maria Mascarenhas, filho primogénito dos anteriores, 11º Conde da Torre, por autorização de D. Manuel no exílio. Nasceu a 3 de Novembro de 1882 e morreu a 9 de Abril de 1944. Esteve envolvido com o seu amigo, Henrique de Paiva Couceiro, em várias tentativas de restauração monárquica, tendo por isso estado preso e também exilado, com a família, entre 1914 e 1918 em Saint-Jean-de-Luz, França, onde nasceu uma das suas filhas. Casou a 25 de Junho de 1908 com D. Julieta Ofélia da Serra Penalva, filha de Ezequiel Augusto de Sousa Penalva e de sua mulher D. Júlia Garcia Moreira da Serra.


D. Fernando Penalva Mascarenhas nasceu a 18 de Outubro de 1910 e morreu a 5 de Agosto de 1956, num desastre de viação em Espanha (Barajas). Usou o título de Marquês de Fronteira e representou igualmente os títulos de Marquês de Alorna, Conde da Torre, de Coculim e de Assumar. Foi Cabo de Forcados do Grupo de Forcados Amadores de Santarém de 1945 a 1948 e, mais tarde, um brilhante automobilista desportivo, de cuja carreira se destacam os seguintes troféus: em 1951, 2º da geral (com Jorge de Mello e Faro) no Rally de Monte Carlo, 1º da sua categoria no I Rally do Porto, 2º na III Volta a Portugal, 2º na classificação geral do Campeonato Nacional de Rampa, em 1952, vencedor absoluto no II Rally de Aveiro, 1º da sua categoria no II Rally do Porto, 1º no III Circuito de Vila do Conde, 10º no Grande Prémio do Mónaco, 2o no XV Circuito de Vila Real, no VI Rally Internacional de Lisboa, no IV Circuito de Vila do Conde e no Campeonato Nacional de Rampa, 1º no Rally de Montanha, em 1953, 4º lugar no III Grande Prémio de Portugal e 1º na Taça da Cidade de Lisboa, em 1954, 4º no Circuito da Gávea, no Brasil, 2º da classificação geral do I Circuito de Tânger, em 1955, vencedor do 1º grupo da Rampa da Penha, vencedor absoluto, pela 3ª vez consecutiva, da Taça da Cidade de Lisboa, Campeão Nacional no grupo de Grande Turismo. Casou a 7 de Julho de 1938 com D. Maria Margarida de Sousa Canavarro de Meneses Fernandes Costa, que nasceu na Ilha de São Tomé a 24 de Fevereiro de 1916, filha do Dr. Francisco José de Meneses Fernandes Costa e de sua mulher, D. Maria Margarida de Sousa Canavarro.


D. Fernando José Fernandes Costa Mascarenhas, nasceu a 17 de Abril de 1945 e morreu a 12 de Novembro de 2014. Foi o 12º Marquês de Fronteira, 10º Marquês de Alorna, 13º Conde da Torre e de Coculim, 14º Conde de Assumar e representante genealógico, reconhecido por Alvará do Conselho de Nobreza em 15 de Dezembro de 1992, dos títulos de Marquês de Távora, Conde de São João da Pesqueira e Conde de Alvor, da representação portuguesa do título de Conde de Oeynhausen-Gravenburg na Áustria. Brasão de Armas pleno de Mascarenhas, coroa de Marquês, timbre um leão rompante de vermelho lampassado de ouro. Licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa, frequentou a Universidade de Coimbra e a de Nanterre. Foi Assistente e depois Assistente Convidado da Universidade de Évora entre 1979 e 1988. Condecorado com a comenda da Ordem da Liberdade em 1994. Casou em 1ªs núpcias em 11 de Novembro de 1967, com D. Isabel Cristina Cardigos dos Reis e em 2ªs núpcias em 13 de Agosto de 1984, com D. Mafalda Osório Miquelino, não tendo geração; tendo-se divorciado em 23 de Maio de 2002. Instituiu em 1989 a Fundação das Casas de Fronteira e Alorna de que foi co-fundador, com sua 2ª mulher, D. Mafalda Osório Miquelino, com sua mãe, D. Maria Margarida Canavarro Fernandes Costa e seu padrasto Frederico Henrique George, e foi Presidente do seu Conselho Directivo.

D. Filipe Mascarenhas, filho mais novo de D. Manuel Mascarenhas e D. Francisca, irmão do 1º Conde da Torre, foi o 26º Vice-Rei da Índia de 1645 a 1651; não tendo descendência, instituiu o Morgado de Coculim em favor do filho segundo do seu irmão mais velho.

 

D. João Mascarenhas, filho segundo do 1º Conde da Torre, mas seu sucessor, por morte de seu irmão mais velho, 2º Morgado de Coculim. (Ver acima, 1º Marquês de Fronteira).

D. Francisco Mascarenhas, filho segundo dos 1ºs Marqueses de Fronteira, nasceu em 1662. Foi o 3º Morgado e 1º Conde de Coculim (Nota: é esta a grafia usada na carta que concede o título embora o local a que se refere na Índia, se grafe Cuncolim), por carta de 3 de Maio de 1676 de D. Pedro II (então ainda Regente). Foi do Conselho de D. Pedro II, senhor de Coculim e Verodá no Estado da Índia, comendador de S. João da Castelães (Castelão?), de S. Martinho de Cambre e de S. Martinho de Pina (ou Pindo?), na Ordem de Cristo. Fez parte da famosa armada que partiu do porto de Lisboa em 1682, para conduzir o Duque de Sabóia, futuro marido da Senhora D. Isabel, tendo sido uma das pessoas que então mais se destacou. Foi capitão-de-cavalos na Corte. Foi homem de grande erudição e letras, particularmente notável como latinista. Casou com sua prima, D. Maria Josefa de Noronha, filha do 4º Conde da Vidigueira e 2º Marquês de Niza, que morreu a 22 de Abril de 1731.

 

D. Filipe Mascarenhas, filho primogénito dos 1ºs Condes de Coculim, nasce em Junho de 1680. Foi 2º Conde de Coculim, do Conselho de El-Rei, deputado da Junta dos Três Estados, mestre de campo de Infantaria, tendo servido neste posto na Guerra da Sucessão de Espanha, onde se achou no assalto a Valência. Foi 2º Conde de Coculim. Casou a 10 de Outubro de 1701 com D. Catarina Úrsula de Lancastre, filha dos 2ºs Condes de Sarzedas. Morreu a 13 de Maio de 1735.

 

D. Francisco Mascarenhas, filho dos 2ºs Condes de Coculim, nasce a 9 de Agosto de 1702. Foi 3º Conde do mesmo título. Foi general de Batalha, governador das Armas de Trás-os-Montes, gentil-homem da Câmara do Infante D. António e comandou como coronel um dos regimentos da guarnição da Corte. Casou a 24 de Setembro de 1719 com D. Teresa de Lancastre, filha dos 4ºs Condes de Vila Nova de Portimão.

 

D. Joaquim Mascarenhas nasce em 15 de Abril de 1732. Foi soldado de Cavalaria da Corte e promovido a capitão em 1752. Foi 4º Conde de Coculim, sendo-lhe o título concedido por D. José em 1750. Morreu sem geração e o título de Conde de Coculim passou ao ramo primogénito dos Marqueses de Fronteira.

  • Gaio, Manuel Felgueiras, Nobiliário das Famílias de Portugal, 17 volumes, Braga, 1938-1942.
  • Neves, José Cassiano Neves, Jardins e Palácio dos Marqueses de Fronteira, 4ª edição Lisboa, Althum, 2015.
  • Norton, Manuel Artur Norton, D. Pedro Miguel de Almeida Portugal, Agência Geral do Ultramar, Lisboa, 1967.
  • Zuquete, Afonso Eduardo Martins, Nobreza de Portugal e do Brasil, Edições Zairol, Lisboa, 2000.

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